At the end of the 1980s in Brazil, a small shoe brand called Impeachment emerged in the city of Belo Horizonte with models in black, brown and white leather, which were sold in popular shops.
At that time, the word Impechment was not yet in the 'popular grammar',, being, therefore, another word in English without much meaning for Brazilians. It was only in 1992 when we had the first Impeachment in Latin America, by President Fernando Collor de Mello, that people in the country could widely see and hear Impeachment as a meaningful word. There are not many records of the evolution of the brand at the turn of the 80s to the 90s, when it disappeared.
The work Impeachment addresses the possibility of telling a story about the word itself, illustrating it through historical rescue and the appropriation of the brand: new editions of the Impeachment shoes and a series of other objects that are being created over time. In addition to shoes, an extensive production of paintings - Impeachment Textiles - incorporates the brand and modulates it into a collection.
First presented in the group show Amanhã será um Outro Dia, Demain Sera un Autre Jour, an exhibition composed only of Brazilian artists living in Paris, as a form of collective manifestation against the horrors of the fascist-Bolsonarist government that started in the year 2018.
In this exbition, the installation Impeachment was formed by an original Impeachment shoes from the 80's and set of works produced during a residency at the Cité International des Arts in Paris. Posteriorly, Impeachment was unfolded between new pieces, shoes and installation in the city of Paris, Brasília and São Paulo, between the years 2020 and 2022.
No final da década de 80 no Brasil, uma pequena marca de calçados chamada Impeachment surgiu na cidade de Belo Horizonte com modelos em couro preto, marrom e branco, que eram vendidos em lojas populares.
Naquela época, a palavra Impechment ainda não constava na 'gramática popular', sendo mais uma palavra inglêsa sem muito significado para o povo. Foi somente em 1992, quando tivemos o primeiro Impeachment na América Latina, do presidente Fernando Collor de Mello, que as pessoas do país puderam (tele)ver e ouvir amplamente o Impeachment como uma palavra significativa.
Não há muitos registros da evolução da marca Impeachment na virada dos anos 80 para os anos 90, quando ela desapareceu.
A obra Impeachment conta uma história sobre a palavra, desdobrando-a em uma série de proposições, entre o resgate do calçado à produção de estandartes da marca. Impeachment foi exibido pela primeira vez em Paris na exposição coletiva Amanhã será um Outro Dia, Demain Sera un Autre Jour, se desdobrado entre outras exibições em São Paulo e Brasília.
Impeachment (Felt) oil ink on felt.
Presented at the exhibition Amanhã há de Ser Outro Dia,
Demain Sera un Autre Jour, Paris [FR] 2020
Impeachment (bag), oil ink, bag.
Presented at the exhibition Amanhã há de Ser Outro Dia,
Demain Sera un Autre Jour, Paris [FR] 2020
Impeachment (belt and kidney), Oil, wood, carpet and belt.
Presented at the exhibition Amanhã há de Ser Outro Dia,
Demain Sera un Autre Jour, Paris [FR] 2020
Impeachment (instalation), mixed media.
Presented at the group show Amanhã há de Ser Outro Dia,
Demain Sera un Autre Jour, Paris [FR] 2020
Impeachment (Textiles)
Mixed media, variable dimensions, 2021.Selected works ↓
Exhibitions ↓
Amanhã há de Ser Outro Dia, Demain Sera un Autre Jour, curadoria de Sofía Lanusse. SAMart Project e Studio Iván Argote - Les Grandes Serres de Pantin. Paris [FR] 2020
Exhibition View, group show Amanhã há de
Ser Outro Dia, Demain Sera un Autre Jour
TOMORROW WILL BE ANOTHER DAY
Sofía Lanusse
Apesar de você amanhã há de ser outro dia” (in spite of you, tomorrow will be another day), those lyrics resonat- ed in the streets in Brazil in 1970 during the military dictatorship. This song, full of messages and implicit mean- ings, was composed by Chico Buarque (Rio de Janeiro, 1944), Brazilian guitarist, composer and poet, whose mu- sic reacted directly against military oppression. For some reason, these lyrics appear to be present these days.
History repeats itself. The more things change, the more they stay the same. The world seems to be crumbling at the hands of a vicious capitalist system, political negligence at an international scale and more recently, a deadly virus. Each day, we endure economic, political, environmental and social devastations that create overwhelming and unacceptable conditions. Nevertheless, in this tense global context, people are raising their voices and join- ing socio-political movements that champion free speech, feminism, anti-racism, and environmental activism. A new generation is connected to both past and present ideas in order to dismantle entrenched power structures, find alternative methods and build fairer systems as well as new ways of thinking.
In recent years, Brazil has been submitted under the leadership of an ultra-conservative far-right government with a destructive agenda represented by President Jair Bolsonaro. Since his investiture in 2019, the country has been living under threats and hate speech resulting in a dangerous escalation of violence, cultural censorship, invasions of indigenous reserves, deforestation of Amazonia, homophobia-and the list goes on...As a result, a large part of the population has expressed anger: denouncing, criticizing and fighting against this oppressive power. In the streets, in cultural spaces, in the public sphere and in the private sphere, Brazilians have mobilized using words, poetry and actions.
This exhibition participates in this dynamic, gathering together a group of artists from Brazil who are currently based in France. Through painting, sculpture, drawing, music and performance, they respond to the imposition of power using their own poetic strategies. The show is also an invitation to underline the importance of creating collective spaces to discuss issues that segregate us, in order to overcome the ‘divide and conquer’ tactics of patriarchal power, by collaborating and supporting each other towards creative forms of resilience and solidar- ity. This allows us to gain new perspectives and create a stronger movement for social change. After all, how we come together is defined by how we understand and enact our responsibilities to, and relationships with, each other.
When toxic policies besiege our societies and ourselves, as citizens and individuals, deliberate dialogue be- comes a fundamental tool that can be used to rebuild trust and share our perspectives. These dynamics can be attested to in the period of uncertainty that we are dealing with. Fifty years on, Apesar de voce’s nostalgic melo- dy by Chico Buarque reminds us of a past that is once again present and which we must resist.
Drops, curated by Rudá Babáu
at Index Galley. Brasília [BR] 2021
Exhibition view, group show Drops, curated by Rudá Babáu at Index Galley. Brasília [BR] 2021
Drops
Rudá Babau
São quase dois anos de tela. As constantes restrições de deslocamento do corpo reverberam como um mantra sobre o privilégio do que é físico, tátil e presente. A exposição coletiva “Drops” vem de uma tentativa de explorar o charme da materialidade, em trabalhos que remetem ou evidenciam o vestígio, o registro e a transposição entre planos pictóricos, vídeos, documentos e os drops de NFTs nas blockchains*.
A estátua do Colosso de Rodes, uma obra que representava o Deus Sol na mitologia grega, não tem registro imagético produzido em seu tempo, apenas relatos de sua construção (280 a.C.), sua destruição devido a um terremoto (226 a.C.), além dos oitocentos anos em que a estátua caída foi visitada por viajantes de todo o mundo. Caída, porém, uma das sete maravilhas do mundo antigo, majéstica, até que em 653 d.C. um Califa árabe que conquistou a região de Rodes vendesse os restos de metal da estátua, que foram transportados por uma caravana de 400 camelos.
Assim como os vestígios da estátua do Colosso de Rodes, gravuras, antes da prensa, já levavam o registro imagético para outros espaços e tempos, “virtualizando” a contemplação da arte. Trabalhos como por exemplo a “Torre de Tatlin”, projeto de Vladimir Tatlin que seria a sede monumental da Terceira Internacional na então Petrogrado (movimento que reunia os partidos comunistas russos), tem cinco maquetes expostas pelo mundo hoje, também representando os trabalhos que existem como possibilidade, tendo os registros do projeto circulando nos espaços museológicos e no nosso imaginário.
Em “Drops”, vemos um arranjo de trabalhos que permite abordar o registro como uma problemática relacionada ao processo próprio de feitura das obras, tanto na esfera do plano pictórico e formal, quanto no subjetivo. Já a expografia, foi pensada de forma a ser vista apenas de frente, destacando os planos do expositivo como uma espécie de linha condutora de tempo e espaço. Uma tentativa de provocar a “instagramabilidade” do fisico. Do ponto de vista inverso, os fundos do chassis carregam marcas de tempo, nomes de moldureiros, registros de processo, assinaturas, media players, fios, parafusos e estruturas. Não diminuindo a importância do documento e da história dos trabalhos, mas deixando à altura do infraestrutural, do suporte.
*Trata-se dos lançamentos de obras de arte virtuais, ativos digitais únicos, na base de dados onde são armazenadas com segurança para possíveis transações comerciais.
A TRAMA DA TERRA QUE TREME,
curated by Victor Gorgulho
at Gentil Carioca. São Paulo [BR] 2022
Impeachment (Instalation)
Exhibition view, group show A TRAMA DA TERRA QUE TREME, curated by Victor Gorgulho
at Gentil Carioca. São Paulo [BR] 2022
Impeachment Textiles ( Blood Pool )
Ink and sewing on fablic cloth
2022
A TRAMA DA TERRA QUE TREME
Victor Gorgulho
Há um silencioso e estridente terremoto em curso no Brasil. Se nos últimos anos testemunhamos a veloz escalada do conservadorismo político e a emergência de agentes antes impensáveis no protagonismo do debate público, o ano de 2022 nos deflagra uma situação limítrofe, uma encruzilhada decisiva diante do nebuloso horizonte do país.
A presente exposição gentilmente apropria-se do título do texto homônimo de Hélio Oiticica, escrito em 1968, para refletir poeticamente acerca das tramas, teias e nós nas quais nos encontramos envoltos e embaralhados, presos em nossos desejos latentes de liberdade de tantos dos retrocessos que teimam a nos atravessar e a nos repartir.
A partir da articulação de obras de artistas contemporâneos de diferentes gerações, a mostra coletiva investiga a matéria têxtil em suas múltiplas possibilidades de uso e de experimentações – formais, conceituais, políticas – na busca trôpega e errante de tecermos, quem sabe, um novo tecido do comum, uma tramavivência capaz de conectar os muitos retalhos e fragmentos espalhados pelo caminho, até aqui. A realidade, dura e concreta, talvez nos diga que não seja mais possível. A arte, em sua contínua e incansável busca pelo interdito, pelo inalcançável, talvez nos afirme que sim.
Sigamos apostando nela, afinal.